Sítio Jardim das Oliveiras
A nutricionista Simone Aparecida Dias Sampaio Silva e o engenheiro de alimentos João da Silva Neto vêm se dedicando há mais de 10 anos à produção de cafés especiais em Araponga, na região das Matas de Minas. Neta de cafeicultor, Simone herdou, em 2006, o Sítio Jardim das Oliveiras, localizado na Comunidade do Estouros. Na época, as terras contavam apenas com 4 mil pés de café e o casal ainda morava no Rio de Janeiro, mas, mesmo à distância, eles decidiram investir na propriedade.
A família de Simone vivia do café no distrito de Araponga, em Estevão de Araújo, lugar que conviveu por pouco tempo, já que era a mais nova de 12 filhos e se mudou muito cedo para Viçosa, onde cursou Nutrição, na Universidade Federal de Viçosa (UFV). Ela se casou com João, trabalhou em sua área de formação, morou em várias cidades do Brasil e alguns anos na Bélgica. Retornando ao Brasil, foi morar em Recife onde teve sua filha mais velha. Após sete anos, já morando no Rio de Janeiro, teve sua filha Luisa. Após herdar o sítio de 42 hectares, a produtora e o marido decidiram construir a casa sede e outras duas para dar suporte a futura produção de café, além da tulha e estrada.
Em 2011, a história do casal mudaria completamente. Neste período, eles já moravam em Belo Horizonte, onde o engenheiro de alimentos ocupava o cargo Gerente de compras na autopartista, do Grupo Toyota. João estava muito estressado com o trabalho é tinha um grande sonho de morar na roça. Ele tirou férias e não voltou mais, pediu demissão logo depois. A gente planejava trabalhar mais cinco anos para estruturar melhor o sítio e mudar para Araponga, mas já nos mudamos naquele ano, só que para Viçosa”, contou Simone. Ela lembra que o esposo ficou motivado depois de conquistarem a terceira colocação, já no primeiro concurso que participaram. A classificação foi pelo prêmio de Qualidade do Café de Minas Gerais, da Emater, em 2011.
Mesmo inexperientes no cultivo, o café do casal já apresentava grande potencial de mercado. Assim, para melhorarem na qualidade dos processos de produção, eles procuraram mais informações junto à Emater e certificaram a propriedade pelo Certifica Minas e fizeram vários cursos do SENAR. “Nestes primeiros anos, morávamos em Viçosa, devido a escola das crianças, mexíamos com a reforma do casarão, onde montamos a Pousada Dias Felizes, eu trabalhava na Prefeitura de Araponga e arrendamos a Pousada Serra D’água. Era uma loucura nossa vida e não focamos no café para termos produtividade”, lembra Simone. Para evitar tanto deslocamento, a família decidiu se mudar para Araponga e há dois anos vive no Sítio Jardim das Oliveiras para focar na produção da bebida.
Atualmente, a propriedade possuí 15 hectares plantados e cerca de 60 mil pés, com várias variedades. A produtora rural destaca que, como o vinho, o consumidor procura uma experiência nova a cada xícara, por isso, o casal decidiu investir no plantio de variedades diversas da espécie arábica. Para manter uma produção com variedades diferentes, o sítio fez parceria com a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), que desenvolveu testes de variedades do café e escolher entre essas as que melhor se adaptaram na propriedade.
Simone Sampaio conta que já pensa em manter a sucessão familiar, através das filhas. A mais velha, Sofia, já começou este caminho ao trocar a Faculdade de Economia, na Universidade de Ouro Preto (UFOP), para Engenharia Agronômica, na Universidade Federal de Viçosa (UFV). “Levei Sofia na SIC, em 2019, para ficar no stand da associação e se encantou com o mundo do café especial”.
Sofia ajuda os pais a cuidar de todo o processo pós colheita durante a safra. Opera o lavador e descascador, cuida da secagem no terreiro, prepara amostra e ajuda no armazenamento. Já a filha Luisa prefere o processo de classificação e degustação dos cafés além de gostar de acompanhar os compradores.
“Eu disse que nunca viveria do café. Meu pai trabalhava com commodity e tinha uma vida muito custosa no campo, mas antes não existia planejamento, gestão adequada, a propriedade não era vista como uma empresa. No nosso sítio, buscamos inovar, adquirir conhecimentos e inserção de novas tecnologias, além de trabalharmos focados nos três pilares da sustentabilidade: o social, ambiental e econômico, com uma produção que não agrida o meio ambiente, visando o aumento da produtividade e qualidade do produto final, detalha a produtora”, detalha Simone.
Técnicas de plantio
A colheita no Sítio Jardim das Oliveiras é feita 90% manual. A propriedade produz dois tipos de café que são através do processo natural e do cereja descascado. Ele passa por secagem em terreiro suspenso e ou de cimento, sem o auxílio do secador mecânico. Toda colheita , pós colheita é armazenamento é feita de forma criteriosa para manter a qualidade e excelência vinda do pé. “Somos favorecidos pela localização da propriedade, incidência solar, altitude e um clima frio ameno, que faz com que tenhamos um terroir propício para a produção de cafés especiais”, detalha Simone.
Outro diferencial nas lavouras do sítio é a técnica de poda. Eles aplicam o modelo de PPC- poda programada de ciclo, desta forma, o pé fica mais produtivos e a qualidade dos grãos melhora devido à maior incidência de luz solar na parte produtiva da planta e facilita a logística da colheita.
A produtora reforça que eles se preocupam muito com o ponto de maturação, o que leva ao processo de seletiva de pés com a colheita no mesmo talhão várias vezes para retirar apenas os grãos maduros. Os cafés colhidos não são misturados, produzindo, micro lotes e nano lotes. Após serem provados e avaliados, são vendidos separados ou juntos, conforme as características sensoriais .
Após a colheita os o café produzido no sítio permanece dentro da tulha para descanso. O processo, do pé ao terreiro, é rastreado para o controle de produção. “Fazemos o rebenefício fora da propriedade. Hoje, um desafio nosso é a comercialização e fidelização dos clientes”, explica a cafeicultora,
O casal prioriza pela participação em concursos de qualidade que ajudam a valorizar o preço do produto e deixá-lo reconhecido no mercado. A propriedade já ganhou 42 prêmios, sendo 17 primeiros lugares em concursos nacional, estadual, regional e municipal. “No concurso, a qualidade do café é atestado por um grupo de Q-grader dando mais credibilidade ao produto.
Percebo que muitos produtores entregam seu produto para alguém avaliar e comprar, sem saber o que realmente estão vendendo. Nossa preocupação é entender todo o processo produtivo, fazer gestão da propriedade, conhecer o custo de produção e o que vai vender. Não somos Q-Grader, mas fizemos curso de classificação de degustação e torra. Aqui a gente prova com alguns compradores, discute sobre a qualidade. Alguns lotes são feitos laudo de qualidade e a nossa intenção e vender todos os lotes com Selo de origem das Matas de Minas”.
– Hectares plantados – 15 hectares plantados com cerca de 60 mil pés
– Média de produção – 400 sacas média/ano
– Espécies plantadas de café – 100% arábica | Variedades: Catuaí Vermelho, Catiguá Vermelho e Amarelo, Oeiras, Bourbon Amarelo e Aranãs
– Altitude da lavoura – entre 1.100 a 1.350 metros de altitude
– Funcionários: são dois meeiros e 15 a 20 safristas durante a colheita
Ações de Sustentabilidade
A propriedade não usa agrotóxico nas lavouras, utilizam apenas adubo químico. Para criar uma barreira natural de vento, o casal optou por plantar eucalipto, mas que deve ser substituídos por nativas, futuramente. “Plantamos amendoim forrageiro pela lavoura e deixamos crescer nativas, além de não usarmos herbicida para as ervas daninha, nem nas estradas, tudo é mantido com roçadas. Como não usamos nada de agrotóxico, as árvores nativas são importantes para combater pragas que atacariam os cafezais, o que realiza o ciclo natural de controle de pragas”, informa Simone.
Além disso, todas as nascentes do sítio são cercadas e possuem mata ciliar, o que resultou na recuperação natural de alguns cursos d’água que estavam quase secos. Toda água do descascador é usada para irrigação da lavoura. ” Adquirimos um lavador que usa pouca água no processo e foi construído aproveitando a declividade do terreno para economia de energia , o que torna o processo ambientalmente mais sustentável. A palha do café e os resíduos de poda também são reaproveitadas para a adubação das lavouras.
Dentro da propriedade também já foi cultivado pés de olivas para a produção de azeite. “Tivemos muitos problemas com a adaptação das plantas, preferimos suspender o projeto e focar no café, mas as árvores ainda são mantidas”.
Além de vender, para pequenas torrefações , cafeterias e exportação, o sítio também já teve seu produto usado para produção de cervejas artesanais.
Canais do Produtor
O Sítio Jardim das Oliveiras não possui torrefação própria, mas já já estará no mercado com sua marcas do seu café torrado. Mais informações e contato com o produtor pelos canais abaixo:
Instagram: @cafejardimdasoliveiras
Facebook: @cafejardimdasoliveiras
WhatsApp: (31) 9 9836-0810